Mamãe, você é pouco bonita

Então, continuando a postagem anterior, a história é a seguinte.

Sofia devia ter três anos de idade, incompletos acho. Estávamos em um consultório aguardando ela ser chamada. Depois eu ia trabalhar, e como saí de casa sem me maquiar, aproveitei aquele tempo de espera.
Sofia quis se maquiar também, eu disse a ela que não precisava, pois ela era bonita daquele jeito mesmo, estava bem daquele jeito e etc. (nem me lembro mais!)
Ela se virou pra brincar no chão, mas me disse:
- Mas você como é pouco bonita (ou pouco feia) precisa né mãe?!
Ãhh! Eu pensei.
Ela me pareceu tão esperta porque teve o cuidado de pegar leve com o "pouco bonita"...
Pois foi!
Eu contei aos colegas do trabalho e um me sugeriu escrever essas tiradas dela. Então nasceu o blog, como registrei em
http://penultimasdesofia.blogspot.com/2009/12/nasci.html

Mamãe, você tá bonita

Após meses de gestação do irmão de Sofia, de tempo de foco nesse outro projeto, em paralelo com algumas atividades indispensáveis, tais como pré-natal, trabalho, e responsabilidades familiares e domésticas, há um mês e meio estou de "resguardo".
Nesse início, é muita dedicação ao bebê, novo integrante da família.
E Sofia vai se adaptando à tantas novidades.
Com tanta imersão no puerpério, deixei de lado hábitos de beleza. Mas, em um dia qualquer, para ficar em casa decidi fazer uma maquiagem leve. O marido, se percebeu, não comentou nada.
Mas Sofia não deixou passar:- Mamâe, você está bonita!!!
Fiquei refletindo em como ela deve vivenciar esse momento, como ela deve perceber a mãe tão diferente daquela mulher ativa de outrora, e da importância dada ao fato de a mãe estar tão recolhida, com necessidade de repouso, sem tempo para se arrumar e se embelezar. E como isso faz diferença.
Isso me lembra quando resolvi escrever o blog com os comentários da Sofia há alguns anos. O fato é assunto para outro post...

Cuidar da mamãe no resguardo

Dias atrás estávamos eu, dona Terezinha e Sofia durante o almoço conversando. D. Terezinha começou a comentar as mudanças no apartamento que serão necessárias à segurança do Miguel quando ele nascer. E conversamos sobre o nascimento dele, e muitas outras coisas.
Sofia também se inseriu no planejamento:
- Mamãe, quando ele nascer, eu e a Terezinha vamos visistar vocês no hospital dia seguinte. Eu vou faltar as aulas por uns dias...
- Ãh... (pensei "cá comigo e meus botões", ela já está querendo matar aula!)
- É, mamãe, uns dias para eu ajudar em alguma coisa aqui e...
Olhei para d. Terezinha, ela também captou a esperteza da criança, e eu lhe disse que não precisava se preocupar,  vai poder ajudar sim mas... (mas imagine a exploração infantil! rs)
Oh meu Deus! Imagine esta criança que ainda nem completou 6 anos (faltam poucos dias!) se planejando para a chegada do bebê, para ajudar também!
Fico me perguntando como será esse evento na cabecinha dela!
Essa Sofia! ;-)

A avó que escandaliza

Essa da Sofia foi contada pelos avós maternos. Já faz alguns meses, mas o avô relembra com muito riso.

Após observar os comportamentos da avó, Sofia dá um feedback , como que escandalizada:
- Vó, a senhora fuma, come pimenta
e ainda fala palavrão!!

Eita vovó quente, hein! Vovó ficou sem resposta.
Vovô não esquece: come pimenta...

Papo cabeça

Na hora do almoço, enquanto estamos eu e Sofia à mesa, ela me pergunta:
- Mãe, ontem vai ser hoje?
- Vai não, Sofia!  Mas hoje vai ser ontem. E amanhã vai virar hoje... (Isso mesmo, pra queimar os neurônios! rs)
Ela sorriu, insistiu com a pergunta buscando entender a minha resposta (tadinha!), mas manteve a atenção às minhas explicações.
- Ontem é dia que já passou Sofia. O dia de hoje também vai passar e vai virar ontem. E... (é, lembra o Kiko dizendo "cale-se, cale-se, você me deixa loooouco!")
Bem, ela perguntou e eu respondi....
;-)

p.s.:
1- às vezes dou respostas mais breves e objetivas, e funcionam;
2 - às vezes dou respostas mais explicadas e ela não entende;
3- às vezes dou respostas mais explicadas, acho que ela não entende, e me surpreendo com a demonstração dela de total compreensão.
Vai saber.

Ligar pra dizer onde está

E as observações de Sofia continuam.
Dia desses, falei com o pai dela ao telefone, e ele me disse por onde tinha passado em viagem. E deixei em 'viva voz' para Sofia também ouvir e falar com o pai.
Sofia me perguntou, com jeito de adolescente.

- Por que ele diz onde está, que está no aeroporto, que foi a tal lugar. Pra que?

Eu respondi:
- Pra dar notícias, dizer onde anda...(e alguma coisa mais)
Sofia respondeu:

- Não faz sentido. Imagine eu ligando e dizendo "agora estou na sala de aula", e depois "agora estou no parquinho da escola"... (Com um jeito de adolescente! Com expressões faciais de ironia ou desdém, nem sei descrever. )
Bem, o que eu respondi nem interessa...
Depois ri internamente.

Aff!

Atende o telefone

As crianças crescem, os comportamentos delas mudam, as coisas mudam... Todos sabem.
Dias atrás, observei mais uma mudança em Sofia, dentre várias... rs
Quando ela era mais novinha, era só o telefone de casa tocar que ela corria pra atender. E deixou nós, os pais, mal acostumados. Costumávamos esperar ou solicitar que ela atendesse: - Atenda aí, por favor, Sofia! diziamos de outro cômodo.

Hoje em dia, quando o telefone toca, ela é a primeira a pedir que um dos pais atenda:
- Atende aí, por favor!
Agora ela não corre para atender primeiro. Ela pede que outra pessoa atenda primeiro, antes que peçam a ela.

Essa Sofia...

É bom estarmos em casa

Depois da viagem de férias, estávamos eu e Sofia sentadas à mesa para almoçar. De repente, Sofia comenta: - É muito bom estarmos aqui 'em casa' mamãe!
Eu concordei com a pequerrucha, e ela completou:
- Aqui eu posso fazer o que quiser!

Não é bem assim, eu digo, e explico o porquê dessa afirmação, eu acho.
Viajar é bom, amplia os conhecimentos, propicia experiências que podem ser divertidas, mais momentos da família unida, e por aí vai. Por outro lado, do ponto de vista da pequena, e pelo que ela dizia, ela se cansava de sair o dia inteiro para passear onde quer que fosse. É claro que consideramos os interesses dela em alguns momentos, mas às vezes ela estava acompanhando os interesses dos pais. Além disso, por causa do cansaço e de uma rotina cheia de coisas diferentes, Sofia não tinha apetite e as vezes ficava com birra na rua. Em algum momento da viagem eu pedi que ela colaborasse com bons comportamentos pois estávamos na rua (em um espaço público, com pessoas com outros costumes bastante diferentes dos nossos) e às vezes são necessários determinados modos de se comportar. Se me lembro bem, foi em algum contexto que ela precisava se comportar (não ficar correndo ou pulando ou conversando alto no local) e ser rápida em nos acompanhar. Misturou coisas assim...
Logo que pode ela deu o feedback.

Sofia em mundo afora mais

Sofia em mundo afora

Viajar ate onde o carro levar

Há vários dias sem postagens de penúltimas de Sofia. Mas Sofia continua com as observações, os questionamentos, as tiradas e os exemplos de amor sincero que se pode obter das crianças...

A família esteve por quase um mês de férias e em viagem.
Sofia faltou a escola por três semanas! Acho que no contexto específico que ela vive (mudança de horário da escola do vespertino ao matutino, nova classe, mais responsabilidades, um exemplo é não ter a babá nesse horário e só a mamãe que precisa mais da autonomia dela em algumas tarefas...), houve prejuízos mas também houve benefícios.
Então, saimos mundo afora. Dessa vez o pai quis mais aventura, então, alugou um carro e saímos com um roteiro mais ou menos traçado. Quando estávamos nos preparando para sair de uma cidade, que nem me lembro qual agora, eu perguntei ao pai: - E agora para onde vamos?
O pai respondeu: - Até onde o carro levar!
A pequena que estava presente e sempre atenta tratou de participar da conversa: - E se o carro levar para o meio da rua?!
Mas que rápida reflexão hein?! Eu entendi no sentido de o carro parar no meio da rua. E se acabar a gasolina e não chegarmos a algum lugar?
Aventurar-se é bom, mas precisamos de planejamento.
É claro que o pai sabia disso!
;-)

Cheia de pose

A pequena é assim, gosta de tirar foto cheia de charme.

Estamos sumidas. Eu que não tenho conseguido parar para registrar as penúltimas de Sofia. Mas ela continua com as frases de efeito, com as perguntas filosóficas, os comentários bastante criativos, e alegrando a família com as gracinhas e graciosidades.
Mas há uma novidade!
Sofia vai ter companhia... ;-)

O brincar

Consultando o vovô

Esta quem contou foi o avô materno.
Normalmente quando estamos perto de Sofia, ela imagina uma brincadeira e nos insere. Cria papel para cada um e "roda" a história. Às vezes, na maioria, a gente embarca na história.
Sofia ''inventou'' que era médica e ia consultar o avô. Pediu que ele se deitasse e então começou a examiná-lo:
- Dói aqui na barriga? Deixe eu ver os seus dentes. Estão amarelados, o senhor está comendo muito doce (bem semelhante a o que o dentista disse ao examinar os dentes de Sofia dias antes). Só pode comer um dia sim e dez não. (Essa ela inventou!). Não se preocupe depois eu vou escrever tudinho no papel...
E continuou com observações e descrevendo procedimentos e cuidados. Até que ela, sem perceber, parou para "limpar o salão" (o nariz). Depois voltou com os dedinhos 'sujos' para examinar a boca do avô. Ele rapidamente a interrompeu:
- Espere aí, doutora. A senhora passa o dedo no nariz e depois vem colocar em mim!!!
Então, o avô desmontou a doutora. Apesar de ela ter ficado um pouco sem graça no início, segundo a avó que via a cena de longe, ela caiu na gargalhada logo depois. Segundo o avô, ela soube levar na esportiva.

O que eles ressaltaram da brincadeira foram as descrições de procedimentos  e cuidados que ela soube aplicar, apesar de ter misturado os procedimentos de médico e de dentista.

Brincando, a criança aprende. E muito. Por meio da brincadeira, a criança reorganiza e internaliza conhecimentos, reinventa o mundo e constrói sua identidade, a partir 'do social. Enfim, brincando ela se desenvolve.
Lembro-me que há mais de dois anos, quando Sofia iniciou a 'vida escolar', ela chegava em casa após a aula, e continuava sozinha as brincadeiras da escola, ela repetia as músicas, os gestos que acompanhavam as músicas, repetia as cenas ... Hoje ela imita as professoras...
Sinto muito prazer ao observar o crescimento e desenvolvimento dela. Agradeço muito a Deus.
Sou mãe coruja, eu sei!!!

Que cidade suja

Esta história quem me contou foi a avó paterna de Sofia.
Antes destas férias escolares, a avó estava levando a netinha  à escola e observou lixos espalhados pelo caminho, então comentou:
- Nossa, mas esta cidade anda muito suja e abandonada. Que absurdo!
A neta respondeu prontamente:
- É mesmo vovó, é por isso que eu quero morar nos Estados Unidos!
A avó, boquiaberta, respondeu:
- Eu também quero morar lá!
E pensou consigo mesma como a netinha fez a comparação e tão adequadamente, como uma adulta, comentou a observação da avó. Ela não acreditava no nível de raciocínio da neta!

Essa Sofia!

vamos viajar pra roça

Sofia adora quando a gente diz que vai para uma cidade no interior, ou chácara ou sítio ou fazenda. Pode ser distante 200 km ou 2.000 km. Ela adora saber que vai ver galinha e pintinhos, boi, vaca, cavalo, cachorro, galo cantando etc. Na verdade, viu poucas vezes na vida, acho que duas ou três. Adorou uma viagem que fizemos à minha terra natal, onde ela teve contato com casa na roça. Adorou a liberdade de brincar, correr e pular. Eu, "mulher urbana", também gosto muito de tirar um tempo para ir ao interior, à cidadezinha desprovida  dos serviços, das facilidades e dos luxos de cidade grande.
Posso dizer que Sofia gosta dos Estados Unidos, ou melhor da Disney, ao Piauí. Ao menos por enquanto. Eu aproveito para ensiná-la os benefícios de cada cidade, de cada local, de cada condição!